PERFIL MAESTRO JÚLIO MEDAGLIA | MÚSICA NO MCB
Foto: acervo pessoal
A influência do trabalho do maestro Júlio Medaglia na Música Popular Brasileira (MPB) não é facilmente medida. Ao lado do maestro Rogério Duprat, Medaglia foi um dos primeiros compositores brasileiros a unir a música erudita com elementos regionalistas e contemporâneos. Essa união de estilos se tornou a peça chave para compreensão da estética provocativa do movimento tropicalista, bem como a sonoridade moderna e atemporal da música brasileira como um todo.
“Tropicália” de Caetano Veloso e regência de Júlio Medaglia, TV Tupi, 1979)
Natural de São Paulo, Júlio Medaglia se diplomou em regência sinfônica pela Meister-klasse da Escola Superior de Música da Universidade de Freiburg no começo dos anos 1960. Vivendo na Alemanha por mais de 10 anos, regeu algumas das orquestras mais importantes como a Filarmônica de Berlim. Nessa época, assistiu aulas de mestres da vanguarda musical como Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen e teve colegas ilustres como o músico Frank Zappa. Medaglia também fez curso de alta interpretação sinfônica com Sir John Barbirolli, de quem foi assistente na Itália.
De volta ao Brasil no final dos anos 1960, assinou o arranjo de “Tropicália” (1968), canção de Caetano Veloso que batizou o Tropicalismo e que viria a modificar para sempre as estruturas da MPB. Foi também um dos responsáveis por inserir Caetano na vanguarda paulistana.
Além de sua atividade como maestro, a partir dos anos 1970 trabalhou como professor e compositor de trilhas sonoras, compondo mais de uma centena de trabalhos para teatro, cinema e televisão. Uma seleção de suas trilhas foi gravada pelo BIS 952, conjunto de sopros da Filarmônica de Berlim, enquanto uma seleção de arranjos foi gravada pelo EMI, conjunto de 12 cellos da mesma Filarmônica.
Ao longo de sua carreira, maestro Julio Medaglia fundou e dirigiu diversas orquestras. Uma das mais notórias é a Amazonas Filarmônica, um projeto ousado com a participação de músicos de diversos países se apresentando no Teatro Amazonas (Manaus).
Em 1996, o maestro participou das homenagens aos 100 anos de morte do compositor Carlos Gomes regendo a ópera “O Guarany” com a participação de 200 músicos da Opera Nacional da Bulgária, um evento transmitido por vários países europeus pela TV Eurovisão e registrado em CD e em Vídeo.
Há 30 anos trabalhando na Rádio Cultura FM (São Paulo), o maestro Júlio Medaglia apresenta o programa diário “Fim de tarde” em que leva ao público trechos de concertos e reflexões sobre a música contemporânea. Atualmente, rege também a orquestra da TV Cultura no programa “Prelúdio”, programa transmitido em cadeia nacional e que já recebeu o prêmio de “melhor projeto cultural da TV brasileira” pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
Programa Prelúdio
Por seu trabalho como escritor de livros e artigos sobre música, em 2009, Medaglia foi eleito para a cadeira de nº 3 da Academia Paulista de Letras, mesma que pertenceu a Mário de Andrade. Nos dias atuais, também atua como membro da Academia Nacional de Música.
Além de suas inúmeras condecorações, recebeu do Ministério da Cultura a “Grã Cruz” da Ordem do Mérito Cultural.
“Medaglia, 80”, especial produzido pela TV Cultura em homenagens aos 80 anos do Maestro
Júlio Medaglia também foi um dos curadores do Projeto Música no MCB e gravou um depoimento para os 50 anos do Museu da Casa Brasileira. Confira:
Para acompanhar o trabalho de Júlio Medaglia, fique de olho nas redes sociais do maestro:
Regência da The National Opera, Bulgária, 1996
Sobre o MCB
O Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo que completa 50 anos em 2020, dedica-se à preservação e difusão da cultura material da casa brasileira, sendo o único museu do país especializado em arquitetura e design. A programação do MCB contempla exposições temporárias e de longa duração, com uma agenda que possui também atividades do serviço educativo, debates, palestras e publicações contextualizando a vocação do museu para a formação de um pensamento crítico em temas como arquitetura, urbanismo, habitação, economia criativa, mobilidade urbana e sustentabilidade. Dentre suas inúmeras iniciativas destacam-se o Prêmio Design MCB, principal premiação do segmento no país realizada desde 1986; e o projeto Casas do Brasil, de resgate e preservação da memória sobre a rica diversidade do morar no país.
SITE: mcb.org.br/
Museu da Casa Brasileira_ Av. Faria Lima, 2705
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