PERFIL DONA INAH | MÚSICA NO MCB
Foto: Joana Gudin
Nascida em 17 de maio de 1935 na cidade de Araras (São Paulo), Ignês Francisco da Silva – mais conhecida como “Dona Inah” – deu os primeiros passos na música ao som de valsas e boleros ensinados pelo seu pai, trompetista, e aos 9 anos começou a cantar em bailes de fazendas da região e em festas da cidade.
Iniciou sua carreira na década de 50, cantando em rádios e clubes de sua cidade natal. Pioneira e irreverente, foi a primeira mulher negra a cantar no famoso Araras Clube, reduto da elite local à época.
Alguns anos depois, a família se mudou para São Paulo e “Inah” passou a se apresentar nas emissoras de rádio, como a Rádio Record, e nos programas de televisão, alternando a atividade artística com o trabalho de doméstica e babá, que fazia durante o dia.
Em 1960, gravou seu primeiro disco, em 78rpm, pelo extinto selo Trovador, mas pouco tempo depois abandonou a carreira musical porque o marido não queria que ela cantasse. Em 1971, retornou aos palcos após o divórcio.
Na década de 80, apresentou-se em rodas e casas paulistanas, cantando em shows e programas temáticos da TV Cultura, porém a grande virada de sua carreira ocorreu em 2001, quando conheceu o produtor Heron Coelho, que a convidou para atuar no musical “Rainha Quelé-Tributo à Clementina de Jesus” (2002) ao lado da cantora e atriz Marília Medalha e de Fabiana Cozza.
Em 2004 – durante apresentação no Fórum Mundial de Cultura, no Teatro Municipal de São Paulo – a cantora foi notada pelo diretor da Maison descultures du monde (MCM) e criador do Festival de l’Imaginaire de Paris, Chérif Khaznadar, que a convidou para participar do festival homônimo. No mesmo ano, Dona Inah, aos 68 anos, lançou seu primeiro CD “Divino Samba Meu”, composto por treze sambas, entre inéditos e releituras com arranjos do músico paulistano Zé Barbeiro que ganharam identidade em sua interpretação.
Para promover o CD, deu início a uma turnê internacional e se apresentou pela primeira vez no exterior no Festival de l’Imaginaire em Paris, acompanhada pelos músicos Zé Barbeiro (violão e arranjos), José Carlos Cipriano (violão), Marco Bailão (violão) e Cássia Maria (percussão) a cantora apresentada como “Reine du Samba” (Rainha do Samba) e foi ovacionada pelo público em suas três apresentações na capital francesa.
A emoção e espontaneidade da cantora – que várias vezes não conseguiu conter as lágrimas – emocionou o público que esteve presente ao evento inscrito no calendário oficial do Ano do Brasil na França. Segundo a cantora: “toda essa viagem foi um sonho no qual permaneci acordada, do início ao fim”.
Depois da temporada de sucesso em Paris, apresentou-se no 4º Festival de Mawazine, em Rabat (Marrocos), para mais de 15 mil pessoas. Na Espanha, em Zamora, foi anunciada pelos jornais como “A Rainha do Samba de São Paulo”. Logo em seguida foi reconhecida pela crítica, ganhando o Prêmio TIM na categoria Revelação.
Festival Mawazine Em 2005 – Marrocos
Programa Ensaio Com Fernando Faro – TV Cultura (23/04/2006)
Programa Sr. Brasil – TV Cultura – “Lá Se Vão Meus Anéis” de Eduardo Gudin E Paulo César Pinheiro, Faixa de seu CD “Olha Quem Chega” (23/06/2009)
No final de 2008, lançou em show no Sesc Pompéia seu segundo CD, “Olha Quem Chega”, totalmente dedicado à obra de Eduardo Gudin, um dos maiores compositores da música brasileira e autor de uma extensa e conceituada obra. Para compor esse trabalho, Dona Inah mergulhou fundo no universo musical de Gudin e, com muita sensibilidade, destacou dezesseis dos sambas que mais aprecia, entre eles: Velho Ateu (com Roberto Riberti), Maior é Deus (com PC Pinheiro), Verde (com J C Costa Neto) e Ainda Mais (com Paulinho da Viola).
Concluindo o CD está “Praça 14 BIS”, homenagem de Gudin à escola de samba Vai-Vai, do bairro do Bixiga, “carro-chefe” de Dona Inah pelas noites de São Paulo. Dona Inah bancou a produção do disco do próprio bolso (a distribuição é da Dabliú) e contou com a colaboração dos músicos, que tocaram praticamente de graça. Em 2009, foi indicada novamente ao Prêmio de Música Brasileira (antigo Prêmio TIM), na categoria Cantora De Samba, ao lado de Leci Brandão e Mart’nália.
Dona Inah e Eduardo Gudin “Ainda Mais” (Gudin/ Paulinho da Da Viola). Projeto Conversa com Verso no Centro Cultural Aúthos (22/10/2011).
Mulheres do Samba Sorriso Negro – Projeto “É Tradição e o Samba Continua” (Adilson Barbado, Jair de Carvalho e Jorge Portela) (05/05/2012).
Vídeo Release do novo disco de Dona Inah, “Fonte de Emoção”, gravado em estúdio.
Em 2010, passou uma temporada em Cuba, onde gravou 14 músicas com músicos do Buena Vista Social Clube e o pianista Pepe Cisneros, batendo recorde de bilheteria e conquistando a crítica. A grande maioria das canções foram de compositores cubanos e todos os músicos e arranjadores que participaram das gravações também eram de Cuba.
Em 2012, participou do show de Luiz Melodia, juntamente com a Céu, na abertura do SESC Sorocaba. Em 2013, gravou seu terceiro CD, “Fonte De Emoção”, que foi lançado em 2014 com obras de Dona Ivone Lara, Paulo Cesar Pinheiro, Monarco, Ivor Lancellotti e Delcio Carvalho, entre outros, sendo a novidade deste trabalho uma composição inédita da própria Dona Inah, “Chorar Jamais”.
Em meados de 2016, Dona Inah passou a residir em uma casa de repouso, onde se encontra até hoje em função de complicações com a doença de Alzheimer. Em 2018, a artista também foi homenageada no documentário “Que Cantadora a Vida me Fez”, da cineasta Patrícia Francisco.
Acompanhe as músicas da artista:
Sesc Pinheiros – Alaíde Costa & Dona Inah – Samba Em Prelúdio (14/02/2014)
Jornal da Gazeta – Aos 70 anos, sambista Dona Inah é nome de sucesso (14/03/2014)
Sesc Pompéia – Último show da Dona Inah (17/09/2016)
Sobre o MCB
O Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, dedica-se à preservação e difusão da cultura material da casa brasileira, sendo o único museu do país especializado em arquitetura e design. A programação do MCB contempla exposições temporárias e de longa duração, com uma agenda que possui também atividades do serviço educativo, debates, palestras e publicações contextualizando a vocação do museu para a formação de um pensamento crítico em temas como arquitetura, urbanismo, habitação, economia criativa, mobilidade urbana e sustentabilidade. Dentre suas inúmeras iniciativas destacam-se o Prêmio Design MCB, principal premiação do segmento no país realizada desde 1986; e o projeto Casas do Brasil, de resgate e preservação da memória sobre a rica diversidade do morar no país.
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