MOSTRA | REMANESCENTES DA MATA ATLÂNTICA & ACERVO MCB
Fotos: Renato Parada
Refletir sobre a transformação da floresta brasileira, passando pela exuberância das árvores de grande porte, até o desaparecimento de espécies é o objetivo da mostra Remanescentes da Mata Atlântica & Acervo MCB, com curadoria do botânico, Ricardo Cardim. Além de apresentar ao público uma visão acerca do processo de avanço das áreas urbanas sobre a mata atlântica original, a exposição traz, em paralelo, peças do acervo do museu elaboradas com essas madeiras – hoje praticamente extintas.
“Mais do que falar do processo que levou a quase extinção de algumas espécies, queremos recuperar esse ‘DNA histórico’ de cada árvore representada em nosso acervo”, explica Giancarlo Latorraca, diretor técnico do MCB.
A mostra Remanescentes da Mata Atlântica & Acervo MCB consiste em painéis fotográficos e textuais que correlacionam as várias tipologias de madeiras do acervo do MCB às diversas espécies nativas existentes na mata atlântica, algumas centenárias, e que, ao longo da história, foram utilizadas na confecção do mobiliário nacional e até mesmo estrangeiro. Com muitas delas desaparecidas ou em processo de extinção, o acervo do museu se torna um testemunho acessível.
Na exposição, é dada aos visitantes a oportunidade de conhecer um pouco da exuberância primitiva da vegetação brasileira, com árvores de grande porte, muitas com mais de 30 metros de altura, que aos poucos foram desaparecendo e dando espaço para a criação de gado, agricultura e também para a exploração da madeira para indústria e comércio. Entre as madeiras que compõe o mobiliário do acervo do MCB, é possível encontrar Mogno, Cedro e Jacarandá da Bahia.
“O acervo do Museu da Casa Brasileira representa parte de uma floresta ancestral desaparecida há cerca de um século. Suas madeiras são testemunhos de árvores seculares de jequitibás, canelas e jacarandás que tem aqui a última existência na forma do mobiliário da coleção”, afirma Ricardo Cardim, botânico e curador da mostra.
A localização do museu, às margens da antiga várzea do Rio Pinheiros, foi originalmente de grande biodiversidade, abrigando formações florestais de matas ciliares em diques úmidos e secos, que, no decorrer da urbanização, foram inteiramente suprimidos e aterrados.
“Por ser uma instituição que preserva a cultura material da casa brasileira, em grande parte formada por mobiliário construído com madeiras brasileiras nativas, o jardim e suas espécies arbóreas representadas no acervo são um trunfo importantíssimo nas ações educacionais, pois proporcionam a reflexão sobre o largo uso dessa matéria prima e as consequências que levaram ao fim de muitas espécies, que, hoje, só podem ser encontradas na forma de produto, ou seja, o mobiliário”, completa a diretora geral do MCB, Miriam Lerner.
Confira algumas fotos da abertura da exposição que contou com uma visita especial com o curador:
Fotos: Vinicius Stasolla
Em 2018, aconteceu no MCB o lançamento do livro ‘Remanescentes da Mata Atlântica: as grandes árvores da floresta original e seus vestígios’ de autoria do biólogo e paisagista Ricardo Cardim, em parceria com a Editora Olhares.
Confira o vídeo da exposição:
Vídeo: Drone Studio Brasil
Sobre Ricardo Cardim
Ricardo Cardim desde criança fez da vegetação brasileira seu principal interesse. Mestre em Botânica pela USP, é também Professor responsável pelo curso de Paisagismo Sustentável do Green Building Council Brasil (GBC) e Sócio da SkyGarden Telhados e Paredes Verdes. Em 2010, foi indicado Empreendedor de Futuro pela Fundação Schwab (Davos, Suiça) e Folha de São Paulo por seu trabalho com o meio ambiente urbano e Blog Árvores de São Paulo. Em 2011, recebeu a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo pela descoberta de três remanescentes de Cerrado na metrópole paulistana, que resultaram nos primeiros parques públicos com a vegetação ameaçada, em 33.000 m². Desde 2011, Ricardo é colunista de meio ambiente urbano na Rádio Estadão e “Dr. Árvore”, na Rede Globo São Paulo, desde 2013. Contribuiu com a exposição “A Casa e a Cidade – Coleção Crespi-Prado”, no Museu da Casa Brasileira, que traz um retrato da cidade de São Paulo, entre o final do século 19 até meados do século 20, por meio das peças do acervo da Fundação Crespi-Prado.
Museu da Casa Brasileira | Av. Faria Lima, 2705 | Tel.: (11) 3032-3727
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