PROGRAMAÇÃO

Forma e composição nas vilas de Andrea Palladio

Paralelamente ao curso “Um desenho para ler Palladio” será realizada uma mostra que traz maquetes de vilas projetadas por Andrea Palladio. Com curadoria de Joubert Lancha, a exposição revela a possibilidade de invenção e amplitude de um sistema tipológico em modelos sintéticos. É resultado da pesquisa “Os textos de Palladio” e revela a capacidade comunicativa e de síntese que possui seu tratado “I Quattro Libri dell’Architettura”, publicado em 1570.

A mostra é resultado da pesquisa “Os textos de Palladio”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e realizada com o apoio do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, e do Instituto Italiano de Cultura. Com expografia de David Sperling e Joubert Lancha, a exposição esteve no Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, em 2009.

As vilas palladianas têm um corpo central, onde funcionava a casa para habitação do proprietário e sua família, e alas laterais iguais e simétricas, próprias ao uso e funcionamento de uma fazenda. Palladio esclarece que a habitação do patrão deve levar em consideração a sua família e as suas condições, e ser feita como se usa nas cidades. Ele procura na “casa de vila” emular os palácios construídos na cidade. As vilas palladianas assumem assim características até então inexistentes para uma tradicional fattoria e representa o melhor de dois mundos: o aristocrático e o rural.

O termo “vila” significa para os romanos um complexo de edifícios situados fora das muralhas urbanas. A primeira referência para as vilas do Renascimento é a vila da Roma antiga. Palladio estudou os escritos de Vitrúvio (arquiteto romano, séc I a.C.) e confrontou as informações com a realidade da região do Vêneto. Projetadas durante um período estimado de trinta anos, de 1537 a 1567, atualmente um conjunto de aproximadamente quarenta obras são atribuídas a Palladio. Parte dessas vilas são apresentadas no segundo livro de seu tratado “I Quattro Libri dell’Architettura”, nos capítulos XIV e XV.

A maturidade de Andrea Palladio (1508-1580) como arquiteto foi conquistada através de suas viagens a Roma, onde visitava, media e desenhava os edifícios em planta e projeções ortogonais, documentando exatamente a forma arquitetônica e não se limitando a reproduzir suas próprias impressões visuais. Cumpriu várias viagens de estudo a Roma, a última delas no ano de 1554. Escreveu dois pequenos livros que são como “guias arqueológicos” da cidade e formaram nos viajantes, ao longo de 200 anos, a idéia da antiga Roma, servindo como referência ao desenvolvimento, até o século XVIII, da maior parte dos guias de viagem romanos.

Desde a publicação de seu tratado “I Quattro Libri dell’Architettura”, Veneza, 1570, os edifícios idealizados por Palladio, apresentados em desenhos e didaticamente organizados no segundo livro estiveram, com uma freqüência bastante significativa e com enfoques certamente diversos, estimulando a observação de arquitetos, historiadores, escritores e artistas.

A arquitetura de Andrea Palladio, como foi apresentada e difundida a partir de seu tratado, estimulou que sobre ela fossem realizadas também inúmeras aproximações e estudos. Com variadas intenções ao longo de quase cinco séculos, a obra desse arquiteto, escrita e edificada no Vêneto, foi vista como um objeto propício à imitação e à emulação para muito além das fronteiras de seu próprio dialeto.

A repercussão e influência da arquitetura de Palladio na Europa e, depois, nos Estados Unidos deve-se sobretudo à capacidade comunicativa e de síntese que possui seu tratado. Escrito de maneira concisa, claro na exposição de conceitos, o tratado se apresenta com uma proposição diagramática objetiva, uniforme e “econômica”, lidando com igual rigor o diagrama das páginas, os desenhos de arquitetura e o texto escrito, para com eles compor um reconhecível diálogo.

Destaca-se também uma importante inovação. Palladio publica no tratado projetos de arquitetura de sua própria autoria, como exemplo de arquitetura. Antecede os projetos de uma breve descrição na qual situa a obra, apresenta seus proprietários, esclarece seus princípios norteadores e relaciona os artistas (pintores e escultores) que participaram. “Palladio ensina o valor das regras e da tipologia na elaboração de uma ideia. Mostra como um ‘sistema’ arquitetônico pode ser perfeitamente compatível com a capacidade de invenção. É rico e constante o diálogo que estabelece entre o pensar e o fazer, entre uma e outra arquitetura, entre um ideal e uma prática”, diz Joubert Lancha. Diálogo entre duas épocas, entre os pressupostos da arquitetura clássica e o fazer de sua arquitetura, entre o passado e o presente, e com isso Palladio se transforma, como afirma Howard Burns, presidente do Conselho Científico do Centro Andrea Palladio, “provavelmente no mais influente e mais conhecido entre os arquitetos que viveram antes do século XX”.

A partir de 9/3, às 10h
Visitação: Até 28/3
Gratuito aos domingos e feriados
Acesso a pessoas com deficiência
Visitas orientadas: 3032-2564/agendamento@mcb.org.br
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