Experimentando espaços
Concebida especialmente para o jardim do MCB, a exposição reúne artistas que refletem a respeito das experiências espaciais oferecidas pelo mundo contemporâneo. Com curadoria de Agnaldo Farias, são abordados a arquitetura e a paisagem, a casa e os objetos com que a povoamos. A mostra tem a participação dos artistas Afonso Tostes, Amália Giacomini, Amélia Toledo, Arthur Lescher, Carlito Carvalhosa, Daniel Acosta Eduardo Coimbra, Elisa Bracher, José Spaniol e Raul Mourão, que terminam por reinventar a noção de espaço.
“Experimentando Espaços” introduz a força surpreendente e variada de objetos escultóricos, corpos concebidos para propiciar sentimentos e sensações desconhecidas, desconcertantes, percepções que ainda não foram contabilizadas e que dizem muito da vida contemporânea”. Para o curador, o fato de estarem espalhados no jardim é um dado que confere a esses objetos – esculturas, instalações, intervenções – um sabor adicional. “A presença deles em meio a plantas, árvores, canteiros, gramados e caminhos confirma o jardim como lugar de passeio e devaneio, propício não só para as flores e os arbustos, mas para a irrupção de corpos misteriosos e fascinantes”.
A apropriação dos espaços pelos artistas se dá de forma variada, mostrando como cada um deles desenvolve sua poética visual a partir de materiais diversos e em ambientes desafiadores. Dessa forma, Elisa Bracher e Daniel Acosta, artistas cujos trabalhos dialogam com a arquitetura, se valem de estratégias opostas para suas instalações, ele usando materiais industrializados e ela, por sua vez, fazendo uso de adobe para a construção de sua obra.
Na clareira central do jardim, o artista Carlito Carvalhosa suspende antigos postes de iluminação de madeira por sobre as árvores, aludindo ao tempo em que estes eram feitos de materiais naturais. As pedras encasuladas em grades de ferro de Raul Mourão, por outro lado, remetem ao amordaçamento e à proteção daquilo que é precioso em sistemas de segurança.
O site spefic de Arthur Lescher, segundo o curador, contrapõe formas elípticas bem acabadas e polidas à irregularidade do terreno onde são instaladas, suscitando reflexões acerca da incompatibilidade entre homem e natureza. Amália Giacomini faz uso da geometria para retificar as irregularidades topográficas do terreno, estabelecendo uma sobreposição entre razão e natureza a partir de linhas elásticas esticadas no mesmo jardim.
A obra de Jose Spaniol defende o mundo como palco de acontecimentos delicados. Suas duas peças, na verdade, duas balanças, encontram-se embrenhadas nos arbustos mais densos, evocando um equilíbrio flutuante, “uma dança que se dá na compensação dos pesos”, define Farias. Eduardo Coimbra, por sua vez, constrói um muro que serpenteia por entre as árvores, criando novos pontos de vista diferenciados, que ignoram o dentro e o fora. Nos caminhos por entre os muros deste último é que Afonso Tostes faz a sua instalação: um conjunto de ossos que irrompem do chão, truncando a passagem e impondo aos passantes a lembrança da morte, da história que se acumula em palavras.
Por fim, Amélia Toledo, instala no muro do fundo do jardim uma longa chapa horizontal de metal espelhado que reflete uma grande coleção de pedras grandes e coloridas, ricas em matizes e texturas. “Ali, constata-se, o muro rompe-se, vaza; uma grande passagem, uma fresta que é também um horizonte e que descortina outra realidade, plena de matéria, rica de possibilidades, atraente como a primeira pedra brilhante que logrou sensibilizar um homem, o primeiro homem, que a guardou consigo acreditando tratar-se de um talismã”, afirma o curador.
Realização: Agenda Projetos Culturais e Doble Cultura + Social
Abertura: 7/11, às 11h
Gratuito aos domingos e feriados
Acesso a pessoas com deficiência
Visitas orientadas: 3032-2564/agendamento@mcb.org.br