PROGRAMAÇÃO

Mostra | Bancos indígenas: entre a função e o rito

Créditos: Mariana Chama

#EXPOSIÇÕESMCB

Em cartaz de 14 de fevereiro de 2006 a 11 de junho de 2006.

A mostra teve curadoria de Adélia Borges e Cristiana Barreto

O Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretária de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, abriu no dia 14 de fevereiro de 2006, a exposição “Banco indígenas –  Entre a função e o rito”, com curadoria Adélia Borges e Cristiana Barreto.

A mostra enfatizou a diversidade de formas e grafismo desses objetos que, embora tenham apenas uma função de uso, estão impregnados de uma importante dimensão simbólica. Se no cotidiano, os banquinhos podem ser usados de forma indiscriminada por todos os indivíduos da aldeia, durante os rituais, momentos de reatualização das cresnças e dos cosmos, eles se tornam atributos exclusivos de certos indivíduos.

É comum o banco ser usado de forma a diferenciar socialmente as pessoas, separando os homens das mulheres, os jovens dos velhos e certos homens, como os chefes e os xamãs, do restante da aldeia. Além disso, entre quase todos os povos que fabricam essas peças, o tamanho do banco está diretamente relacionado à idade dos homens e ao prestígio dos xamãs.

Os 58 bancos que estavam presentes na mostra respresetaram os Asurini, Kayabi, Kalapalo, Kamayurá, Karajá, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Suyá, Tapirapé, Tukano, Wai Wai, Waurá, Wayana-Apalaí, Yawalapiti e Yudjá, povos que vivem nos estados do Amazonas, Mato Grosso, Pará e Tocantins. Estes objetos fazem parte da coleção de Rubem Pereira de Ávila, um engenheiro de Campinas (SP), que se apaixonou pela cultura material indígena e já coletou mais de 3.500 peças.

A mostra trouxe ainda peças arqueológicas como os banquinhos de cerâmica Marajoara – os bancos indígenas mais antigos do país-, uma cultura que floresceu na Amazônia entre os séculos V e XV de nossa era. Além destes banquinhos, a exposição trouxe outras peças que representam indivíduos sentados em bancos, em contextos rituais xamanísticos e funerários, como as estatuetas da cultura Santarém (séc. X a XVII) e as urnas funerárias da cultura Maracá (séc. XV e XVIII). Estas peças, pertencentes aos acervos do Museu Paraense Emílio Goeldi e Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, sugerem que o uso dos bancos entre os índios da Amazônia tem sua origem na demarcação de papéis sociais.

A mostra “celebrou essa diversidade de formas e de conteúdos associados aos bancos e apontar a importância de sua preservação como um legado à cultura universal”, diz Adélia Borges, diretora do Museu da Casa Brasileira. “Se, para os índios, os bancos representam uma ponte com o sobrenatural, para nós podem ser uma ponte com uma cultura em que a vida não se dissocia nem da natureza, nem da arte”, afirma ela.

A magia dos bancos está agora na sua capacidade de simbolizar as tradições indígenas, na sua antiguidade e na sua diversidade. Os bancos adquirem um novo papel, simbólico, inseridos na complexa dinâmica contemporânea de lutas pela autodeterminação das sociedades indígenas perante a sociedade nacional e o mundo em geral.

Na noite de abertura da exposição, às 20h, houve a apresentação do espetáculo “Rupestres Sonoros”, concebido especialmente para a ocasião pelo grupo Mawaca. Segundo Magda Pucci, compositora, arranjadora, cantora e diretora musical do grupo, é uma proposta do Mawaca desenvolver um novo trajeto musical utilizando elementos da música indígena brasileira aliado a improvisos sobre as pinturas rupestres dos sítios arqueológicos do Pará e do Piauí. No show, com duração de 40 minutos, o grupo se apresentou numa versão reduzida com seis cantoras (Angélica Leutwiller, Cris Miguel, Susie Mathias, Sandra Oak, Magda Pucci e Zuzu Abu), os percussionistas Armando Tibério e Valéria Zeidan e o baixista Paulo Bira. Magda Pucci, diretora musical do Mawaca, tem estudado a música Surui e é pós-graduanda em Antropologia orientada por Carmen Junqueira e com apoio da escritora e antropóloga Betty Mindlin.

Sobre o MCB
O Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo que completa 50 anos em 2020, dedica-se à preservação e difusão da cultura material da casa brasileira, sendo o único museu do país especializado em arquitetura e design. A programação do MCB contempla exposições temporárias e de longa duração, com uma agenda que possui também atividades do serviço educativo, debates, palestras e publicações contextualizando a vocação do museu para a formação de um pensamento crítico em temas como arquitetura, urbanismo, habitação, economia criativa, mobilidade urbana e sustentabilidade. Dentre suas inúmeras iniciativas destacam-se o Prêmio Design MCB, principal premiação do segmento no país realizada desde 1986; e o projeto Casas do Brasil, de resgate e preservação da memória sobre a rica diversidade do morar no país.

Museu da Casa Brasileira
Av. Brig. Faria Lima, 2705 – Jardim Paulistano
Tel.: +55 (11) 3032.3727

 

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