PROGRAMAÇÃO

História do Móvel no Brasil – Unilabor

Parte do curso História do Móvel no Brasil, constou de palestra de Mauro Claro sobre a experiência da Unilabor. Mauro Claro Mauro Claro é arquiteto, graduado (1979) e pós-graduado (1998) pela Universidade de São Paulo. É professor no Curso de Desenho Industrial da Universidade Mackenzie, na área de teoria e história do design. Pesquisa, atualmente, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a redução do design – antes uma das esperanças do modernismo para liberar o indivíduo das tarefas pesadas do cotidiano, ou para torná-las menos opressivas – a mero fator de impulsionamento do consumo compulsivo, muitas vezes de objetos e serviços inúteis. É autor do livro “Unilabor: desenho industrial, arte moderna e autogestão operária”. Mauro Claro atua militantemente pelo resgate da memória da experiência da Comunidade Unilabor. Unilabor A Unilabor, empresa fabricante de móveis modernos, constituiu-se em agosto de 1954 e dissolveu-se em 1967. Estruturou-se em moldes autogestionários como resultado do esforço conjunto de um frei dominicano, João Batista Pereira dos Santos, do artista plástico concretista Geraldo de Barros, do engenheiro Justino Cardoso e do ferramenteiro Antonio Thereza, membro da Juventude Operária Católica. Obteve, antes e durante seu funcionamento, o apoio militante de indivíduos (operários, intelectuais, empresários, religiosos) de setores bastante diversos da sociedade. A experiência começou a terminar nas vésperas do golpe militar de 1964. Dissensões internas a partir de 1962, aliadas às dificuldades econômicas advindas do cenário pós-golpe, determinaram sua morte, lenta e dolorosa para os que da experiência participaram, entre 1965 e 1967. Grande parte da mobília era produzida na forma de “conjuntos” e “sub-conjuntos”, de modo a facilitar a fabricação, reduzir a necessidade de estoques e permitir alguma margem de manobra para o comprador ajeitar as peças ao espaço de sua casa. Havia também preocupação em produzir uma mobília que fosse visualmente leve, sem nenhum adereço ou elemento aposto, com exceção da textura dos laminados de jacarandá (madeira então disponível) que revestiam as placas de compensado que compunham sua estrutura. Mas, principalmente, o projeto, a produção e a comercialização dos móveis eram resultado dessa cooperação entre Geraldo de Barros, portador da inteligência moderna, e um conjunto de operários, muitos deles artesãos da madeira e do ferro. A Unilabor chegou a possuir simultaneamente três lojas em São Paulo – na Praça da República, na Rua Augusta e na Rua Domingos de Moraes. O interesse central da experiência da Unilabor consiste em seu aspecto revolucionário, e único naquele momento, de tentar unir a modernidade estética, em sua vertente construtivista, com uma prática humanista na gestão da empresa: não se tratava apenas de produzir e competir, mas formar o indivíduo, espiritual e culturalmente. Houve um amplo trabalho nesse sentido, e que consistiu em grupo de teatro (liderado pela teatróloga Maria Thereza Vargas e, em seguida, pelo então estudante de arquitetura Flávio Império), palestras sobre temas da atualidade, acompanhamento pedagógico para crianças do bairro, projeção de filmes emprestados pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo. Houve, por fim (mas não por último, já que essa foi a primeira ação tomada, logo em 1950-51, nas primícias do empreendimento) a preocupação em dotar o local (um lote de cerca de 3.500 metros quadrados) com uma pequena capela também moderna, simples e despojada, a Capela do Cristo Operário. Em seu interior, artistas como Alfredo Volpi, Bruno Giorgi e Yolanda Mohalyi pintaram murais, criaram vitrais e esculturas. Os jardins envoltórios (hoje destruídos) foram planejados por Roberto Burle Marx.

8 de outubro, sexta-feira às 15h
Inscrições R$ 20,00 | servicoeducativo@mcb.sp.gov.br

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