O Museu da Casa Brasileira realiza oficinas de bioconstrução nos dias 9 e 10 de junho, com inscrições gratuitas e vagas limitadas. A atividade, voltada a estudantes de arquitetura, engenharia, design e demais interessados, faz parte da programação da mostra Casas – morada das almas, que estará em cartaz na instituição entre 18 de junho e 9 de agosto. A indicação etária é a partir de 16 anos.
Orientados pelo engenheiro Felipe Pinheiro, os participantes construirão, de forma coletiva, estruturas de taipas ensacadas (superadobe), adobe e pau-a-pique que, posteriormente, serão expostas junto ao trabalho da fotógrafa Zaida Siqueira na mostra que apresentará fórmulas tradicionais de edificação, suas variações e adaptações.
As inscrições têm vagas limitadas e devem ser feitas por telefone (11 3026-3913) ou e-mail (agendamento@mcb.org.br).
Sobre a mostra Casas – morada das almas
No desenvolvimento deste projeto, Zaida Siqueira percorreu 20 estados brasileiros registrando a sabedoria do homem ao lidar com a natureza para edificar sua casa, manuseando a terra, as pedras e a madeira. Ao estabelecer semelhanças de acordo com características climáticas e de solo, ela observou os aspectos da flora e da fauna.
As influências culturais também aparecem em seu trabalho, como em malocas (tipo de cabana comunitária utilizada pelos nativos da região amazônica) das terras indígenas de Mato Grosso. No interior de São Paulo e Minas Gerais, estados que viveram o apogeu da cultura do café, há registros de casarões de taipa e pau a pique. Na capital paulista, a construção do Pátio do Colégio, por exemplo, empregou essas duas técnicas na edificação das paredes.
A exposição é composta por setenta e duas fotografias, revelando aspectos curiosos da construção das casas brasileiras como o uso de elementos como cupinzeiros socados e açúcar mascavo; seis instalações criadas pelo engenheiro civil Felipe Pinheiro, nas quais pedaços de muros semi-prontos ilustram a estrutura interior das construções; duas maquetes, uma de edificação de palafita no Acre e outra, feita em pau a pique, do Casarão do Chá, em Mogi das Cruzes, que evidencia o emprego de troncos em curva, comum nos portais de entrada das antigas residências de reis no Japão; e seis arquivos audiovisuais que integram a série documental de episódios “Habitar Habitat”, produzida em 2013 por Paulo Markun e dirigida por Sérgio Roizenblit, abordando habitações brasileiras que trazem de volta a taipa de pilão, o pau a pique, o adobe, palhoças, palafitas e trançados para cobertura vegetal, feitos com materiais como bambu e palha.
Segundo Zaida Siqueira, a proposta da pesquisa que embasou a exposição é resgatar técnicas ancestrais e analisar seu emprego nas edificações contemporâneas. “Na taipa, a parede é feita de terra pura, socada entre guias de madeira preenchidas; no pau a pique, o trançado de bambu recebe pedaços de pau e barro; da cidade de Souzas, interior de SP, há o registro de uma obra recente do engenheiro criador dos objetos para a mostra, que utilizou estrume para dar liga à massa do adobe: tijolo grande de barro enformado, seco no sol, feito a partir de areia, terra local e palha de arroz”, revela a fotógrafa.
“A pesquisa revelou que essas técnicas estão sendo retomadas na bioconstrução, pois são sustentáveis e apresentam bons resultados acústicos e térmicos, além da qualidade ecológica. Essas edificações geram menos impacto durante a construção e podem ser reabsorvidas pela natureza”, complementa Zaida.
Sobre Felipe Pinheiro
Felipe Pinheiro é engenheiro civil e permacultor desde 2003. Co criador da Ecosapiens, escritório de arquitetura e engenharia voltado para projetos de baixo impacto ambiental e o Vivências da Terra, programa de educação em Permacultura, desenvolve, desde 2013, ações educativas e técnicas voltadas para a sustentabilidade do arquipélago de Fernando de Noronha, inspiradas no modelo de cidades em transição.