O Prêmio Design MCB, principal premiação de design do país, deu início à primeira fase de sua edição comemorativa de 30 anos com o Concurso do Cartaz. Nesta edição, os 453 trabalhos recebidos foram avaliados pela comissão julgadora coordenada pelo artista gráfico Rico Lins e formada por Carla Caffé, Chico Homem de Melo, Carla Castilho, Eliane Stephan, Mariana Bernd e Monique Schenkels.
O vencedor do concurso 2016, o artista visual Caio Matheus de Sá Telles Martins, único inscrito da Bahia, apresentou uma serigrafia em preto sobre um saco de tecido alvejado, cujo resultado é um pano de prato tipográfico. A peça vai inspirar toda a identidade visual do Prêmio Design 2016.
Além do reconhecimento a este trabalho, outros dez participantes foram selecionados pela comissão e seus trabalhos serão exibidos a partir do dia 24 de novembro, data da cerimônia de premiação e abertura da exposição do Prêmio Design.
A escolha do cartaz vencedor pela comissão julgadora foi fruto de consenso. No parecer do júri, a peça “é um espaço onde o texto segue uma composição baseada na tipografia modernista clássica com os logos aplicados em uma etiqueta, como nos produtos de consumo”. A comissão também fez menção à semântica do trabalho vencedor, “que propõe múltiplas tensões entre o erudito e o popular, a arte e o design e à sua referência a um produto cotidiano, barato e descartável”.
A seleção dos outros dez trabalhos que estarão na exposição do Prêmio Design deste ano reflete a grande diversidade de linguagens apresentadas na presente edição. Para a comissão julgadora, muitos projetos exploraram recursos ligados à tridimensionalidade da folha de papel e questionaram o próprio suporte consagrado do cartaz, como é o caso do vencedor desta edição. Também foi visível a predominância de produções a partir dos recursos da linguagem digital, assim como trabalhos que fizeram referência aos 30 anos do Prêmio Design.
O vencedor desta edição receberá como prêmio o valor bruto de R$ 3 mil (três mil reais) e terá um contrato no valor bruto de R$ 5 mil (cinco mil reais) para a criação de outras peças gráficas da edição. Ele também receberá a assinatura de um ano da revista Zupi, parceira da abertura da Mostra do Concurso do Cartaz.
Texto do júri: O cartaz vencedor destacou-se imediatamente aos olhos do juri e foi fruto de um consenso imediato. Uma simples serigrafia em preto sobre um saco de tecido alvejado, resultando em um pano de prato tipográfico. Um espaço onde o texto segue uma composição baseada na tipografia modernista clássica com os logos aplicados em uma etiqueta, como nos produtos de consumo.
Polissêmico, sua semântica propõe múltiplas tensões: o erudito e o popular, a arte e o design, o cartaz que é também um produto barato, cotidiano e descartável. Ambíguo em sua forma e função, é uma solução inusitada, criativa, limpa, concisa e poética.
A autoria é de Caio Matheus de Sá Telles Martins (Salvador/BA) artista visual baiano, de 28 anos. Os cartazes selecionados para a mostra do 30º Prêmio Design MCB representam as diversas linguagens dos trabalhos enviados.
A seleção foi feita com o intuito de sinalizar esta pluralidade, dentre um total de 564 inscritos. Apesar de o uso da tipografia ter sido, em geral, mais tímido e às vezes desconectado da solução gráfica do cartaz, temos alguns bons exemplos como o de Nathalia Cury e Alexandre Lindenberg (São Paulo/SP), que propõe a geometria em um jogo de armar, e o de Juliana Mares Guia de Frontin (Rio de Janeiro/RJ), impresso com uma fonte monospace no avesso de uma finíssima folha de papel, invertendo sua leitura.
Valendo-se da simulação de uma matriz de stencil, Adriano Ribeiro Cerullo e Mariana Quaresma Guillaumon (São Paulo/SP) abdicam do impresso e convidam o público a deixar sua marca nas paredes da cidade com tinta spray, ao invés de colar sobre elas um cartaz. O projeto de Julia Krauss Stabel e Victoria Carvalho (São Paulo/SP) também traz o espaço urbano combinando fotografia, design tipográfico e pintura spray aplicados sobre um tapume de obra.
A fotografia esteve presente em duas das propostas selecionadas, onde ambos se valem do humor e da crítica como reflexão sobre o design brasileiro. Se Paulo Eduardo de Vasconcelos Paiva (São Paulo/SP) retrata uma tomada elétrica para falar de inadequação e obsolescência, o trio Victor Garcia Passini, Leonardo Altava e Milton Francesquini Neto (São Paulo/SP) apresenta um inusitado coco forçado a se tornar um objeto de consumo.
Com pouca aparição no conjunto de cartazes enviados este ano, o desenho a mão livre foi bem representado por Paulo Eduardo Scheuer e André Amarante Bonani (São Paulo/SP).
Duas soluções gráficas se baseiam estilisticamente nos anos 60, como a referencia à op-art de Marcio Honorato (Guarulhos/SP) e aos cartazes de protesto e a as serigrafias polonesas presentes no cartaz de Fabio Carvalho (Piracicaba/SP).
Por fim, foi incluído na seleção o cartaz de Nathany Paola da Silva e Aline Massante Dagaque (Juquitiba/SP), que escapa do conjunto dos trabalhos, mas sublinha aspectos fundamentais e pouco explorados do design contemporâneo: a acessibilidade e a inclusão, com um deficiente visual representado em uma peça de comunicação visual para o grande público.
Pela primeira vez o MCB apresenta todos os trabalhos recebidos no Concurso do Cartaz e realiza uma votação popular
Durante a primeira Mostra do Concurso do Cartaz, que exibirá todos os trabalhos recebidos nesta edição, os visitantes poderão escolher o seu cartaz favorito em uma votação popular, feita presencialmente durante o período da exposição. O cartaz com mais votos será exposto ao lado dos selecionados pela comissão julgadora durante a exposição do 30º Prêmio Design MCB, realizada a partir de 24 de novembro. Tanto o ganhador do Júri popular como o escolhido pela comissão julgadora receberão uma assinatura da Revista Zupi e um kit com suas publicações.
A primeira Mostra do Concurso do Cartaz e a promoção da votação popular visam estimular a participação do público no debate sobre a produção atual em design gráfico, assim como sobre a revalorização do cartaz enquanto peça gráfica central em campanhas de divulgação. O texto integral da Comissão Julgadora e o resultado de sua avaliação para esta edição do Concurso do Cartaz estão disponíveis no site www.mcb.org.br.